segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Autoridade para manipular crentes!

É notório que, atualmente vivemos em uma crise no meio eclesiástico Brasileiro. Muitas pessoas estão deixando de frequentar à igreja, desiludidas, feridas e desanimadas com o ambiente eclesiástico. Alguns podem afirmar o contrário, tendo em vista as últimas pesquisas que apontam um crescimento na população evangélica Brasileira, ou até mesmo por causa das diversas igrejas existentes em nosso país que possuem suas "super lotações" (MIR, Renascer, Sara Nossa Terra, IURD, igreja Mundial, Fonte da Vida, Luz para os Povos, etc.), porém não podemos esquecer que - no mínimo, na mesma proporção - ocorre também a saída de pessoas de tais igrejas por diversos motivos, tais como: decepções, abusos autoritários, manipulações, distorções bíblicas, ênfase no dinheiro, etc.
Tenho lido muitos artigos na internet que vem sendo divulgados sobre o tema, também existem diversos livros que estão sendo lançados pelo mundo com o objetivo de encontrar explicações para esta crise eclesiástica, tentando apontar algumas soluções para contornar a situação. Atualmente estou lendo o livro "Porque você não quer mais ir à igreja" - de Wayne Jacobsen e Dave Coleman - que trata exatamente sobre este tema.
Creio que é chegado o momento de abordarmos este assunto, com responsabilidade e temor, e começar a analisar alguns aspectos críticos e preocupantes desta problemática.
Em síntese, na minha opinião, o "ponto nefráugico" está exatamente na questão teológica. Os ensinamentos Bíblicos de muitas igrejas são superficiais, indutivos, interesseiros, fragmentados e místicos.
Superficiais, porque falta um preparo teológico hermeneuticamente correto, falta dedicação, falta zelo pela palavra de Deus e falta pregações expositivas, pois é repassado um ensino bíblico "enlatado" e fragmentado em detrimento de uma interpretação exegeticamente honesta e correta. Indutivos e interesseiros, porque visa exclusivamente os interesses particulares de seus líderes. Fragmentados e místicos, porque é pregado passagens fora de seus devidos contextos para que as mesmas sejam alegoricamente colocadas de uma forma mística.
Tudo isso, ao meu ver, se torna o ponto de partida para os "absurdos" que vemos hoje em dia.
Um desses "absurdos" que mais influenciam na saída de pessoas dessas denominações é exatamente o que vou colocar a seguir. Trata-se de um assunto delicado, pois toca diretamente na parte estrutural das denominações. Falarei sobre "autoridades eclesiásticas".
Para quem se afastou da igreja, ou para quem está congregando em alguma, quando escutam esta frase, logo vem em mente à figura da liderança principal da igreja, aquela pessoa eloquente e "ungida" que é supostamente "bem preparada" teologicamente, aquele que foi escolhido por Deus para ser o líder da igreja, a voz que decide tudo sobre a congregação, a palavra final e absoluta - a "cobertura espiritual" da igreja, a “autoridade eclesiástica” de todos os membros da mesma.
É impressionante e assustador a quantidade de casos que já presenciei de líderes que usam e abusam desta suposta "autoridade".
Um exemplo posso citar logo abaixo. Veja o que um conhecido Bispo de uma igreja neopentecostal colocou a respeito de sua "autoridade" perante os demais membros:
Quando você estuda a Bíblia percebe, entre outras coisas, a importância da cobertura espiritual sobre nossas vidas. Cobertura esta manifestada através da Igreja e de suas autoridades delegadas. A cobertura espiritual é o condutor do que a Igreja pode nos oferecer. Como a Igreja é o Corpo do nosso Senhor Jesus, tudo o que o Senhor Jesus pode fazer em nós e através de nós acontece quando estamos sujeitos à cobertura espiritual. [...] Foi Deus que instituiu a cobertura espiritual em nossas vidas, e segundo o Apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos, ela foi constituída para o nosso bem. Ela é importante para nossa vida, pois demarca limites em nossas vidas. [...] O nosso Deus é um pai bondoso e atencioso. Como bom Pai que é Ele estabelece limites para crescermos saudáveis e através da autoridade espiritual por Ele constituído é que somos edificados para este crescimento. Reconheça a cobertura espiritual de Deus para a sua vida. A cobertura da Igreja, pois com ela você poderá declarar que “nenhuma arma forjada contra você prosperará”, pois este é seu direito como membro coberto da Igreja de Jesus.

Autor: Bispo Fábio Sousa

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