quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ministério da Cultura é nosso Pastor e nada nos faltará!


Eles são dos poucos músicos que ainda vendem milhares de cópias de CDs e DVDs, os shows lotam e são grandiosos e, assim como Maria Bethânia, Marisa Monte e outros artistas famosos, eles comem uma bolada em incentivo do Ministério da Cultura. Ah, mas é tudo por uma boa causa: fazem tudo isso para evangelizar! Sim, é preciso levar a Palavra de Deus ao povo, o irônico é que as pessoas que frequentam seus mega-shows (supostamente realizados para levar Jesus ao público) já são crentes, cristãos, evangélicos em geral.

Um emblemático exemplo é o super-hiper-master-celebrity gospel: o cantor André Valadão. Não, não é filho de Jece Valadão, mas tem o charme e uma pose de galã que faz jus ao nome. Ele é filho dos pastores e fundadores da Igreja Batista da Lagoinha, localizada em Belo Horizonte e é uma das maiores (senão a maior) igrejas evangélicas do Brasil.

Não bastando as lojas virtuais que a família Valadão possui (as irmãs Ana Paula e Mariana também são pop-stars do Senhor), a “faculdade de Teologia Carisma”(com mensalidades nada carismáticas), a venda de CDs, livros e DVDs (os shows são de gratuitos, mas os produtinhos não custam uma pechincha), além do fato de sua Igreja certamente arrecadar milhões em ofertas (quem já foi a uma Neo-pentecostal sabe o quanto a importância de ofertar é enfatizada a cada reunião, então sei que não estou falando besteira), nada disso é o suficiente para bancar as apresentações ao vivo de Valadão.

Nãããooo, ele precisa do apoio do Ministério da Cultura, mais precisamente, uma pequena oferta de R$ 1.091.240,00. Coisinha pouca, né? Mas é tudo para a honra e glória do Senhor, irmãos, vamos respeitar!

Para não dizerem que estou mentindo, dêem uma olhada no site do Ministério da Cultura.

No meio cristão fala-se de fé, “Deus proverá” e “muitas lutas” para conseguir levar a Palavra de Deus às nações. Mas, por enquanto, André Valadão está apenas entretendo evangélicos que sentem-se carentes de curtir um espetáculo, já que não podem (ou são aconselhados) ouvir música secular e frequentar shows, digamos “normais”

E é tudo em nome de Jesus, repara:


“A Turne 2011 já tem começado com todo vapor e graça!!! O número de caravanas de cidades vizinhas foi muito grande e creio que assim como aconteceu em Sao Carlos, cada cidade também receberá a Turne 2011.” (nas palavras de André Valadão, em seu blog)

É ultrajante que bandas como a do sujeito em questão consigam um incentivo fiscal para transformar a simplicidade do Evangelho em shows com uma produção digna de Ivete Sangalo (só para citar um exemplo nacional).

Não dá para “salvar os perdidos” de um jeito mais barato, não?

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